Geoffroy C.B. BERTHELOT

Pesquisador de informática. Instituto de Pesquisa Bio-Médicale e Epidemiologia do Esporte(IRMES), Instituto Nacional de Esporte, Especialização e Desempenho (INSEP)

DESENVOLVIMENTO DO DESEMPENHO COM BASE NA IDADE

Entre esta lista de parâmetros, muitos estudos demonstraram que a idade é um determinante importante do desempenho atlético (Baker et al., 2003; Tanaka e Seals, 2008). Na verdade, os parâmetros fisiológicos se alteram com a idade e torna-se cada vez mais difícil para um atleta de alto nível repetir um desempenho à medida que sua idade progride após os 30-40 anos. Em geral, os cientistas procuram caracterizar a fase de diminuição do desempenho de acordo com a idade em atletas masters (acima dos 30 anos). Este trabalho mostra que o desempenho diminui de forma não linear, com uma forma que pode ser abordada por uma função quadrática ou exponencial. Apenas Dan H. Moore publicou um artigo analisando o desenvolvimento do desempenho esportivo em todo o espectro da idade cronológica (Moore, 1975). Este artigo, publicado na revista Nature em 1975, é baseado na análise do desempenho de algumas populações de atletas de atletismo de alto nível (Moore, 1975). Ele destacou que o desempenho segue uma fase de crescimento até os 20-25 anos de idade e, em seguida, uma fase de declínio. Moore considerou o caso convexo máximo de desempenho para cada faixa etária. Ou seja, ele selecionou, para cada idade, o melhor desempenho observado em sua população. Mais recentemente, outros trabalhos mostraram que esta curva bifásica é redundante e que também é encontrada em populações de nadadores e tenistas (Guillaume et al., 2011) (Figura 2). Mais surpreendente é que, se considerarmos o desempenho intelectual, vemos que essa curva também é encontrada entre os grandes mestres de xadrez (Berthelot et al., 2012). O xadrez também representa um desempenho intelectual onde a antecipação, a espacialização e a estratégia desempenham um papel importante. Muitos processos cognitivos são solicitados para esta ocasião, e podemos dizer que as pontuações de xadrez representam uma apreciação quantitativa – por meio dos vieses de medição que sempre existirão – da síntese de alguns desses processos. Outros autores, como Germine et al., usam outros métodos como a capacidade de reconhecimento facial (o Cambridge Memory Test v2) para avaliar o desenvolvimento ou declínio de algumas de nossas habilidades cognitivas com base na idade (Germine, Duchaine e Nakayama, 2011). É claro que nenhum dos exemplos mencionados, incluindo o xadrez, exige completamente (ou seja, de forma exaustiva) todas as habilidades cognitivas. E o senso comum nos dirá que existe uma série de formas de inteligência: algumas pessoas são mais boas em letras do que em números, por exemplo. Todas essas curvas são modeláveis por uma única função matemática, sugerindo que possivelmente haveria um processo bifásico resultante de mecanismos biológicos comuns. É claro que existem algumas diferenças: as velocidades de crescimento e da queda do desempenho são diferentes, as idades em que o desempenho é máximo não são perfeitamente idênticas. Note-nos, no entanto, que estes parâmetros são muito semelhantes. Por exemplo, a idade em que o desempenho máximo é observado reside em um intervalo muito pequeno: em torno de 20-30 anos.

Figura 2 – Desenvolvimento do desempenho com base na idade para os 100 m homens

Para cada faixa etária, o melhor desempenho observado é considerado (traduzido em velocidade). A curva resultante tem uma fase crescente e uma fase decrescente e admite apenas um pico (comportamento unimodal).

O desempenho dos jogadores de xadrez parece estar diminuindo mais lentamente do que o desempenho dos atletas de alto nível. No entanto, este processo é sempre unimodal: admite apenas um vértice. Não há evidências de outra dinâmica na literatura, o que sugere que você pode repetir uma performance muitas vezes ao longo de sua vida. Outros autores demonstraram que este processo também parece aparecer em outras espécies além do homem (abelhas; Vance et al., 2009) e em plantas (Kasemsap et al., 1997), observando o rendimento da fotossíntese por idade da folha em campos de algodão. Este processo também é encontrado em outros fenômenos biológicos, como densidade mineral óssea (Boot et al., 2010), desenvolvimento da função pulmonar (Schoenberg et al., 1978), capacidade cognitiva (Germine et al., 2011; Salthouse, 2009), ou reprodução humana (Kühnert e Nieschlag, 2004). Essa relação também existe em cães galgos e camundongos: os dados de competição dos galgos estão amplamente disponíveis e, por exemplo, existem mais de 48.000 performances em distâncias de 480 m documentadas de 2002 a 2012 para testar essa afirmação. Em camundongos, os dados de atividade livre (número de voltas das rodas) registrados em 224 camundongos ao longo de sua vida e contando mais de 14.000 performances (Bronikowski et al., 2006; Morgan et al., 2003) mostram que o desenvolvimento do desempenho com base na idade é encontrado nessas duas espécies. E isso apesar de um viés de medição de desempenho direto em camundongos.

(Para citar esta versão: Geoffroy C.B. Berthelot. Desempenho e envelhecimento desportivo. Gerontologia e Sociedade, 2015, Olhares cruzados sobre o corpo envelhecido, 37 (148), pp.133-142. 10.3917/gs1.148.0135 . hal-01769447

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Submittedd on 18 Apr 2018

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