Geoffroy C.B. BERTHELOT
Pesquisador de informática. Instituto de Pesquisa Bio-Médicale e Epidemiologia do Esporte(IRMES), Instituto Nacional de Esporte, Especialização e Desempenho (INSEP)
Resumo – Desde a introdução das Olimpíadas modernas em 1896, as competições esportivas permitiram gerar um número significativo de dados. Estes últimos, recolhidos ao longo de mais de 100 anos, permitem hoje definir com precisão os contornos das capacidades fisiológicas humanas diante de diferentes restrições de tempo (corridas) ou distâncias (lançamentos, saltos). A tecnologia, a genética, a medicina, a geopolítica, as condições climáticas são todos fatores que influenciam esse desempenho esportivo. Foi demonstrado que a idade cronológica impacta de forma importante o desenvolvimento do desempenho desportivo ou intelectual. Este tem uma forma de U invertido assimétrico, com desempenho em idades extremas que são limitadas, e uma idade ótima de desempenho por volta de 20-30 anos. Essa curva também é observável nos desempenhos físicos de outras espécies, como o rato ou o cão galgo. Outros trabalhos revelaram o aspecto benéfico da atividade física em diferentes momentos da vida, e os ganhos que ela pode proporcionar em termos de longevidade. No entanto, ainda há muito a ser feito, especialmente para entender melhor como esta curva em U é influenciada por parâmetros sociais como o consumo de energia primária, a economia ou o meio ambiente, por exemplo.
Palavras-chave – desempenho esportivo, envelhecimento, limites fisiológicos, longevidade, vida útil.
Quando Pierre de Coubertin resgatou os Jogos Olímpicos em 1896, ele também introduziu o lema olímpico oficial: «Citius, Altius, Fortius». O objetivo era recriar uma competição internacional, onde atletas de todo o mundo se encontrariam para ultrapassar os limites fisiológicos humanos. O recorde mundial simboliza essa luta final e se tornou o símbolo do progresso das habilidades físicas do homem moderno. Após mais de 100 anos de competição, muitos recordes foram quebrados em muitas disciplinas e hoje permitem ter uma ideia muito precisa das capacidades humanas sob diferentes restrições. Diferentes análises sobre o desenvolvimento histórico do desempenho esportivo destacam dois fatos importantes: o desempenho físico é limitado (Berthelot et al., 2008, 2010; Blest, 1996; El Helou, 2011; El Helou et al., 2010; Nevill e Whyte, 2005) e dependente de um número considerável de parâmetros.
As hipóteses apresentadas para explicar a aparente limitação do desempenho esportivo incluem um melhor envolvimento e estruturação dos organismos de combate ao doping, um esgotamento do pool global (ou seja, uma desaceleração no desenvolvimento dos processos de detecção e seleção dos morfotipos mais adequados a uma restrição específica: grandes – mas não muito – atletas africanos na maratona, etc.), um quadro regulamentar rigoroso que limita as inovações tecnológicas (traje na natação, por exemplo), etc. Alguns desses estudos são baseados em um grande número de dados: mais de 3.000 recordes mundiais e 40.000 performances esportivas. Temperatura, umidade (El Helou et al., 2012), genética (Eynon et al., 2011), morfologia (Sedeaud et al., 2014), tecnologia (Neptune et al., 2009), geopolítica (Guillaume et al., 2009), etc., são todos parâmetros que modificam o desempenho esportivo e o tornam tão dificilmente previsível.
Figura I – Desenvolvimento histórico das performances esportivas.
(Para citar esta versão: Geoffroy C.B. Berthelot. Desempenho e envelhecimento desportivo. Gerontologia e Sociedade, 2015, Olhares cruzados sobre o corpo envelhecido, 37 (148), pp.133-142. 10.3917/gs1.148.0135 . hal-01769447
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Submittedd on 18 Apr 2018
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