Geoffroy C.B. BERTHELOT
Pesquisador de informática. Instituto de Pesquisa Bio-Médicale e Epidemiologia do Esporte(IRMES), Instituto Nacional de Esporte, Especialização e Desempenho (INSEP)
DESEMPENHO E VIDA ÚTIL
O prolongamento da expectativa de vida também pode ser considerado uma melhoria no desempenho do corpo humano. Essa capacidade se desenvolveu significativamente durante o século passado, de forma semelhante ao desempenho esportivo. Tem se beneficiado de novas tecnologias e outros fatores que também podem ser encontrados como parâmetros influentes do desempenho esportivo. Enquanto este último admite um limite (Figura 1), a existência de um limite de vida útil é uma questão que divide fortemente a comunidade científica. Alguns propõem um aumento constante da expectativa de vida (um estimador de vida), enquanto outros sugerem que é limitado. Leonard Hayflick chegará ao ponto de colocar esse questionamento no contexto esportivo: «imaginar que a taxa atual de aumento da expectativa de vida continuará indefinidamente é tão absurdo quanto extrapolar o tempo de diminuição levado para correr uma milha e concluir que será feito mais cedo ou mais tarde em um segundo» (citado em Watts, 2011). Um estudo recente explora esta questão através da análise de duas coortes específicas (Antero-Jacquemin da Silva et al., 2014):
– a coorte de olímpicos franceses, composta por mais de 19,000 indivíduos (cerca de 18000 homens e 1,200 mulheres), nascidos entre 1828 e 1991 e tendo participado pelo menos uma vez nos Jogos Olímpicos;
– a coorte GRG (Gerontology Research Group) de supercentenários (Coles, 2008), totalizando cerca de 1400 indivíduos em todo o mundo (cerca de 130 homens e 1300 mulheres) com mais de 110 anos. Esta coorte é confiável e verificada regularmente (consulte o site do GRG) (Coles, 2008).
Embora essas coortes sejam pequenas, o estudo mostra que elas evoluem de maneira semelhante e, portanto, não são completamente independentes (Antero-Jacquemin da Silva et al., 2014). Assim, os impactos históricos e culturais, como as guerras mundiais, por exemplo, são observáveis nessas duas populações. Finalmente, o estudo também mostra um fenômeno de compressão de altas durações de vida, fenômeno já evidenciado por Kannisto (2000). Isso se traduz, por um lado, em uma redução significativa na mortalidade infantil e, por outro lado, em uma redução na mortalidade em idades avançadas. Esse aumento de sobrevivência parece possível até um certo limite, pois então vemos um aumento acentuado da mortalidade, devido ao enfraquecimento inexorável e combinado das defesas do organismo e de suas capacidades de regeneração. Este fenômeno é descrito como uma compressão da curva de mortalidade: o número de longevidade aumenta até um certo ponto antes de entrar em colapso, ilustrando um fenômeno de retangularização. A coorte GRG mostra assim um aumento na densidade de supercentenários com cerca de 110 anos de idade, mas a densidade de pessoas mais velhas permanece estável. O recorde máximo observado permanece até hoje o de Jeanne Calment, que morreu em 1997 aos 122 anos de idade. Essas duas coortes parecem, portanto, mostrar que a vida humana é limitada, embora provavelmente seja necessário realizar análises adicionais em outros tipos de populações (população geral em particular) para poder generalizar essa tendência. O fato de os registros desses dois parâmetros fisiológicos (tempo de vida e desempenho esportivo) serem limitados, no entanto, parece consistente em relação ao conhecimento estabelecido na biologia hoje (Lui e Baron, 2011). Outra incógnita é a relação entre a qualidade de vida e o desempenho. Recentemente, foi admitido que a atividade física pode eventualmente substituir certos medicamentos. Um trabalho recente sobre uma coorte de 786 ciclistas que participaram pelo menos uma vez no Tour de France entre 1947 e 2012, mostra que esses atletas de alto nível parecem ter uma sobrevivência maior do que a população em geral. Foram analisadas as causas globais e específicas de mortalidade e esta população tem uma taxa de mortalidade 41% inferior à população em geral (Marijon et al., 2013). Algumas incógnitas permanecem, especialmente no que diz respeito a novas substâncias dopantes e suas implicações futuras na mortalidade ou na ocorrência de patologias. No entanto, hoje não temos recuo suficiente para podermos responder.
(Para citar esta versão: Geoffroy C.B. Berthelot. Desempenho e envelhecimento desportivo. Gerontologia e Sociedade, 2015, Olhares cruzados sobre o corpo envelhecido, 37 (148), pp.133-142. 10.3917/gs1.148.0135 . hal-01769447
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Submittedd on 18 Apr 2018
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